Depois de responder várias vezes sobre meu post anterior, resolvi escrever sobre o assunto.
Não estava querendo entrar no mérito da questão mas acho que foi necessário.
Giuseppe Englaro é o pai, de uma italiana, que ganhou na justiça o direito de interromper o tratamento da filha, que encontrava-se em coma há 17 anos, devido a um acidente de carro.
Lógico que a polêmica em torno disso tornou-se mundial.
Na Itália, uma verdadeira guerra de poder estava acontecendo.
O Presidente, o Papa, o Senado, o Primeiro Ministro, um Bispo, enfim, todos tinham uma opinião e decisão para dar sobre o caso.
O fato é que o pai ganhou na justiça a causa, e a alimentação de Eluana foi retirada aos poucos.
Em 3 dias ela faleceu (os médicos tinham dado uma previsão de 15 dias).
Na imprensa, a foto dela saudável, de antes do acidente era manchete todos os dias.
O que ninguém parava pra pensar era como ela realmente estaria hoje, depois de 17 anos, em estado irreversível de coma, em uma cama de hospital.
Hoje li no portão G1 essa notícia:
Eluana Englaro morreu na casa de repouso La Quiete , em Udine (Itália), enquanto o Senado debatia um projeto de lei para proibir a suspensão da alimentação e da hidratação que a mantinha viva.
O responsável da equipe de voluntários que procediam o protocolo médico que colocaria fim à vida de Eluana, o anestesista Amato De Monte, avisou Giuseppe por telefone.
"Só quero ficar sozinho", respondeu o pai da italiana ao saber da notícia.
Segundo os meios de comunicação italianos que telefonaram a Giuseppe, ele respondia com a mesma frase e chorava, ato que veio a público pela primeira vez nos 11 anos de batalha legal pela eutanásia da filha.
Giuseppe Englaro disse que, "se muita gente visse uma foto de Eluana atualmente, se calaria, mas não farei isso jamais".
Segundo o "Corriere della Sera", Eluana pesava 40 quilos, estava com braços e pernas encolhidos, e só podia ficar de lado, porque, virada para cima, poderia se asfixiar com os líquidos que fluíam de seu estômago atrofiado.
Eluana ficava apoiada sobre o lado direito do corpo, o que lhe causava feridas na pele, que tinha até no rosto, acrescenta.
Os inspetores do Ministério da Saúde italiano que a visitaram na sexta-feira passada - segundo o jornal - não imaginavam a deterioração que Eluana havia sofrido.
Além disso, Giuseppe Englaro acrescenta que "tinha feito uma promessa a Eluana" e a manteve.
A promessa - segundo Giuseppe - foi feita à sua filha antes do acidente de trânsito que a deixou em estado vegetativo, em 1992, quando um amigo sofrera um acidente parecido.
"Quando (Eluana) voltou de sua última visita ao amigo em coma, disse que não queria nunca ficar em uma situação assim, e me fez prometer que, independente do que houvesse, nunca a abandonaria nesse estado", disse Giuseppe Englaro.
"Suportei muito nestes anos, mas quero ficar sozinho, tenho muitas coisas em que pensar", ressaltou.
Finalmente Giuseppe vai poder enterrar sua filha.
Foram 17 anos esperando por isso.
Tempo demais!
Há 9 horas
3 comentários:
menina, eu to por fora do mundo mesmo... nem sabia disso...
bem... pra mim, cada um tem direito de tomar suas proprias decisoes. se a menina queria isso, era melhor q fosse feito neh?
beijo, Rob!
Nos idos da adolescência, pela primeira vez, deparei-me com esse tema ao assistir a "De Quem É a Vida Afinal?" com Richard Dreifus. Lá, ele próprio defendia a livre decisão sobre a morte ou uma vida que não era a que ele esperava. Uma situação bem distinta dessa, que bem mais se assemelha a "Menina de Ouro" de Eastwood.
O fato é que, até pra mim um ardoroso defensor da vida, fica clara a necessidade de se repensar tanto onde ela começa, quanto onde ela termina. O que recairá necessariamente numa reflexão a cerca do aborto e da eutanásia. Temas difíceis, mas... quem quer mastigar iogurte pra sempre, né?
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